juntos somos mais fortes

https://gyazo.com/c9993d9a6ca5746372dc06b9e92b3a1d
  • Recente

    quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

    Álvaro Gaspar


    Lisboa. 10 de Maio de 1889-1915. Avançado
    Épocas no Benfica: 3 (11/14). 

    Jogos: 16. Golos: 18. 
    Títulos: 3 (Campeonato de Lisboa).


    Rezam as crónicas que no primeiro de Janeiro de 1905, o então Sport Lisboa disputou o jogo inaugural de uma caminhada que talvez ninguém vaticinasse no mínimo centenária. Foi frente ao Campo de Ourique, nas Salésias (em Belém), com triunfo 1-0. Já depois da fusão (13 de Setembro de 1908) com o Grupo Sport Benfica, mais tarde Sport Clube de Benfica, da qual resultou o actual Sport Lisboa e Benfica, o Campeonato de Lisboa era a prova dominante. Assim, foi até quase à década de 30.

    A temporada de 1913/1914, no inicio da I Guerra Mundial, ficou na história do novel clube. O Benfica venceu a edição em todas as categorias, quatro eram. Fez o pleno. Ainda que grosseira a comparação, seria um tanto como na actualidade garantir a conquista, no mesmo ano, dos Nacionais de infantis, iniciados, juvenis, juniores e seniores.

    Nesse longínquo 1914, um jogador sobressaiu aos demais. Álvaro Gaspar era o seu nome. De alcunha Chacha, avançado de posição. Com Paiva Simões, Homem de Figueiredo, Henrique Costa, Cosme Damião e Artur José Pereira, todos integrantes da Selecção de Lisboa que, um anos antes, havia digressionado pelo Brasil. Viviam-se tempos de futebol casto. Insipiente.

    Álvaro Gaspar actuou três anos com o emblema do Benfica. Outras tantas vezes venceu o Campeonato de Lisboa. Reputavam-no executante fantástico, já tecnicamente perfumado, com sentido de organização, temível a finalizar. Havia ingressado nas fileiras do clube pouco depois da fundação. Assistiu apenas ao primeiro desafio oficial, a 4 de Novembro de 1906, frente ao Carcavelos, a melhor equipa do ano, com derrota por 3-1. Ele que se iniciou no patamar inferior, na terceira categoria, sempre em espiral, até à turma de honra.

    Em Março de 1913, relatos na época mencionam que aos ombros havia sido levado, até aos balneários pelos componentes de uma equipa inglesa, o New Cruzaders, maravilhados com os seus atributos de índole técnica. Numa espécie de paleolítico superior, naqueles pré-história do futebol aborígene, o Chacha parecia de outro estádio de desenvolvimento. A  melhor exibição, pelo menos a mais produtiva, realizou-a em Dezembro de 1913. O Benfica aturdiu (9-0) o Cruz Quebrada, com cinco golos de Álvaro Gaspar. Sempre na presença do tutor Cosme Damião, lenda benfiquista, fundador, jogador, técnico, dirigente.  Aquele que “fez do Benfica o maior clube português”, segundo o mestre Cândido de Oliveira.

    Álvaro Gaspar contribuiu, embrionariamente, para o estatuto singular e não menos invejável do clube. Com aura popular. Ainda na casa dos 20 anos, adoeceu e deixou de jogar. Mesmo desaconselhado pelos médicos, não perdia pitada dos jogos da sua equipa de afeição. Minado pelo infortúnio, morreu a 3 de Setembro de 1915, foi sepultado no cemitério da Ajuda. Uma bandeira do Benfica cobriu-lhe o caixão, tal como havia pedido a Ribeiro dos Reis. Era a bandeira do futuro.

    Sem comentários:

    Enviar um comentário

    Traffic Exchange