Estádio da Luz a fervilhar. Segundo os
relatos da época, 69.021 espectadores nas bancadas a acreditarem que o
Benfica treinado por Jimmy Hagan seria capaz de dar a volta a uma
eliminatória que tinha começado mal, na Holanda, onde o Feyenoord havia
ganha por 1-0 a primeira mão. O titularíssimo António Simões era uma
carta fora do baralho para a partida de Lisboa, pois escorregou numa
escada quando ia para o treino e partiu um braço. Mas nem o azar do
esquerdino tirava a crença dos benfiquistas numa reviravolta do marcador
e na passagem às meias-finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Afinal, havia Jaime Graça, havia Artur Jorge, havia Jordão, havia Nené,
até havia Eusébio…
E o jogo não podia ter começado melhor
para as “águias”. Estavam decorridos apenas cinco minutos quando Nené
igualou a eliminatória. A Luz incendiava-se e começou a arder 26 minutos
depois, após o golo de Jordão. Em pouco mais de meia-hora o Benfica
dava a volta à eliminatória e fazia o austríaco Ernst Happel, treinador
da equipa holandesa, engolir as palavras proferidas depois do triunfo em
Roterdão - no campeonato holandês, os portugueses jogariam para “não
descer de divisão".
Só que o Feyenoord não era uma equipa
qualquer. Os campeões holandeses tinham muitos internacionais e dois
anos antes tinham vencido a Taça dos Clubes Campeões Europeus e a Taça
Intercontinental. A um quarto de hora do fim, um golo de Schoemaker
colocou o resultado em 2-1 e emudeceu a Luz. Os “encarnados” estavam
fora da prova e, com apenas um quarto de hora para jogar, muitos foram
os que desistiram.
Centenas começaram a dirigir-se para o
exterior do estádio sem imaginar no que estava prestes a acontecer. Num
assomo de raiva, num ímpeto de galhardia, o capitão Jaime Graça rouba a
bola aos holandeses, que a passavam com algum desdém de jogador para
jogador no seu meio-campo. Num ápice ela acaba nos pés de Nené, que
marca o seu segundo da noite (o terceiro dos benfiquistas) aos 81’ e dá
início a uma goleada que terminaria com o triunfo dos “encarnados” por
5-1, depois de mais dois golos – um de Jordão (87’) e outro de Nené
(89’). Três golos nos últimos 15 minutos.
O que se passou naquele período, no
relvado da Luz, entrou para a história como os 15 minutos à Benfica. Uma
expressão que tenta descrever um futebol avassalador, uma espécie de
vendaval ofensivo que empurra os adversários para trás, uma sucessão de
ataques incessantes protagonizada pelos homens vestidos de “encarnado” e
que encosta o opositor às cordas até o deixar KO, permitindo dar a
volta a resultados desfavoráveis.
Muitos anos mais tarde, Nené, o homem
daquele jogo, elegeu-o como o jogo da sua carreira. O avançado, na
primeira pessoa, em declarações ao PÚBLICO em 2004: “No jogo da primeira
mão, em Roterdão, o treinador do Feyenoord, Ernst Happel, meteu-se
muito connosco, disse que o Benfica era uma equipa de provincianos que
não sabiam jogar futebol. O próprio capitão, van Hanegem, comparou o
Benfica ao Excelsior, na altura o último classificado do campeonato
holandês. O ambiente no jogo de Lisboa, como sempre, estava fantástico,
com o Estádio da Luz completamente cheio. Os jogadores sentiam muito o
peso daquele estádio e aos 30 minutos de jogo já estávamos a ganhar por
2-0 – o suficiente para nos qualificarmos para as meias-finais, já que
tínhamos perdido o primeiro jogo por 1-0. Mas eles fizeram o 2-1 perto
do fim e tudo parecia perdido. Muita gente começou a abandonar a Luz.
Lembro-me que os jogadores do Benfica olharam uns para os outros e acho
que não foi preciso dizer mais nada. Cerrámos os dentes. As palavras do
senhor Happel ainda estavam nos nossos ouvidos e mexeram connosco.
Quisemos demonstrar-lhe o que era o Benfica, o Estádio da Luz, o famoso
terceiro anel. Nos últimos dez minutos de jogo, marquei dois golos e o
Jordão outro. Tinha 22 anos e essa foi, certamente, uma das noites mais
inesquecíveis da minha vida.”
Os 15 minutos à Benfica foram, assim,
forjados num período aúreo do Benfica, com Jimmy Hagan no comando de uma
equipa quase imbatível. O inglês chegou à Luz em 1970-71 e rodeado de
uma série de jogadores de excelência conduziu os “encarnados” a três
títulos de campeão nacional, o último dos quais praticamente perfeito:
30 jogos, 28 vitórias, dois empates e zero derrotas; 101 golos marcados,
13 sofridos; 18 pontos de avanço para o segundo classificado.
in Publico
Será de bom tom os autores destas transcrições terem conhecimento rigoroso dos factos.
ResponderEliminarNão foi neste jogo do Benfica,5-Feyenoord,1 que apareceu o dito "15 minutos à Benfica". Este jogo ocorreu em 1972.
"Os 15 minutos À Benfica" datam da década de 60, nos seus primórdios, quando o Grande Benfica começou a golear os clubes adversários da TCCE, no primeiro quarto de hora de cada desafio.
O jogo mais paradigmático e que se admite ter sido a confirmação desses lendários "15 minutos" foi o célebre Benfica,6-Nuremberga,0 em que aos 20 minutos o Benfica já vencia por 3-0 anulando assim a vantagem dos alemães na 1ª mão que tinha sido de dois golos (3-1).
Sejam rigorosos naquilo que postam e leiam mais sobre a História do Benfica.
NÃO PUBLIQUEM BARBARIDADES DE QUEM DESCONHECE OS FACTOS!
http://pinceladasgloriosas-gv.blogspot.pt/2017/03/os-15-minutos-benfica-vem-daqui.html
GRÃO VASCO