juntos somos mais fortes

https://gyazo.com/c9993d9a6ca5746372dc06b9e92b3a1d
  • Recente

    quinta-feira, 18 de março de 2010

    Um Épico jogo em Marselha


    Grande noite europeia do Benfica em Marselha, conseguindo uma vitória por 2-1 em que só os números pecam por (muito) escassos. Jesus tirou Aimar da equipa e fez avançar Martins, manteve Ramires no onze e lançou Coentrão para o lugar do lesionado César Peixoto. A equipa exibiu-se no habitual 4-1-3-2, mas com nuances tácticas que o Marselha não conseguiu contornar. Foi Carlos Martins e não Ramires quem na 1ª parte ajudou a fechar ao meio com Javi Garcia, sempre com o brasileiro atento é certo, e Saviola jogou mais recuado do que o costume, bloqueando o trinco do Marselha, Cissé.

    O Benfica cedo mostrou ao que vinha, tomando conta da bola desde muito cedo. A estratégia de Jesus resultou em pleno, com Martins, Saviola e também Ramires a bloquearem o meio campo francês, permitindo a Javi ser a habitual referência na primeira fase de construção de jogo. Liberto, o espanhol pôde fazer o que melhor sabe... tacticamente perfeito, distribuindo rapidamente a bola a preceito e impedindo que o Marselha pudesse respirar na sua área de influência.

    Cedo se percebeu que havia em campo um intérprete com vontade de se exibir a grande altura. O árbitro da partida ao minuto 20 fez vista grossa a uma falta evidente sobre Ramires na grande área, perdoando o penalty aos franceses. Logo depois, Cardozo atira ao poste esquerdo a baliza de Mandanda, pondo em sentido os adversários e o seu público. Público aliás quase sempre muito silenciado pela demonstração de classe e superioridade do Benfica. O Marselha só de bola parada chegava à área do Benfica, pois os homens da frente da equipa gaulesa estiveram sempre manietados pela defensiva encarnada, e apenas Brandão pontualmente conseguia ganhar alguns lances actuando na faixa de terreno entre Maxi e Luisão.

    Ainda na 1ª parte, Di Maria desperdiça uma grande oportunidade quando sozinho frente a Mandanda disfere um remate cruzado a partir da esquerda facilmente defendido pelo guardião. O Benfica recolheu aos balneários com uma grande sensação de injustiça, potenciada ainda mais pelo perdão que o árbitro novamente deu ao Marselha não assinalando nova grande penalidade por clara mão na bola, num lance em tudo idêntico a um que havia sancionado a Luisão ainda nos primeiros dez minutos de jogo. A clara dualidade de critérios em desfavor do Benfica foi uma constante, e abrilhanta ainda mais a gigantesca exibição de gala desta noite.

    Para a segunda parte Jesus apostou na mesma estratégia e nos mesmos jogadores, e a manifesta falta de sorte e de pontaria continuou. Di Maria e Saviola estiveram especialmente perdulários, mas sentia-se que o Benfica continuava claramente por cima. Infelizmente o Marselha numa das poucas situações de bola parada que teve na 2ª parte (bola corrida então foi 0!), marcou o 1-0, frustrando imenso a exibição gloriosa do adversário.

    E foi na reacção que o Benfica ganhou definitivamente a eliminatória. Consciente de que a missão continuava a ser igual, ter de marcar um golo pelo menos, não se amedrontou e continuou a carregar. Foi com inteira justiça que Maxi Pereira, num remate de ressaca a mais de 30 metros da baliza, deu o empate ao Benfica. Entretanto Jesus havia lançado Aimar para o lugar de Saviola, e já nos últimos minutos lançou Kardec para o lugar de Martins. A pressão continuou mesmo após o empate, e Di Maria e Cardozo protagonizaram alguns falhanços escandalosos que permitiriam acabar desde logo com a eliminatória. Mas como tão épica exibição merecia um final igualmente épico, foi preciso esperar pelo primeiro minuto de compensação para Kardec finalizar de forma exemplar uma bola perdida na área do Marselha.

    Foi a explosão total, com a vitória assegurada na recta final de um jogo que o Benfica dominou de forma total, aniquilando completamente o Marselha e lutando contra uma arbitragem completamente escandalosa e que não pode ser branqueada. A atitude e a classe dos nossos jogadores bem como a preparação de Jesus de todos os detalhes desta partida têm de ser enaltecidos, pois juntos criaram as condições para se assistir a uma noite europeia à Benfica. E dando a volta a um resultado, situação inédita esta época mas que a equipa provou ser possível!

    Praticamente só houve grandes exibições hoje. Júlio César pouco teve de fazer, teve um pouco de azar no lance do golo mas penso que nada mais havia a fazer numa situação em que a defesa foi apanhada em contra-pé.

    Maxi Pereira foi enorme, novamente. Talvez mesmo o melhor em campo. Correu, defendeu, atacou, voltou a marcar ao Marselha... uma exibição de grande categoria e pulmão do uruguaio, que a ficar muitos anos no Benfica se arrisca a marcar uma era no clube. Na outra lateral Coentrão fez também um jogo tremendo. Não deu espaço na defesa, e foi sempre um acelerador muito eficiente do jogo ofensivo do Benfica. Está um autêntico carrilero de categoria mundial, embora eu continue a preferir vê-lo a jogar mais adiantado no terreno. Os centrais estiveram enormes... foi pena que Luisão não tenha conseguido marcar um lance de golo iminente na 2ª parte, para coroar mais uma grande exibição do patrão.

    Javi Garcia fez um jogo fantástico, surgindo até algumas vezes em zonas mais adiantadas do terreno, como num lance de insistência pela direita em que chega a tirar o cruzamento para a área. Fisicamente muito bem, fresco e lúcido, foi a engrenagem que fez trabalhar toda a equipa. Ramires fez um jogo de grande leveza, não puxando a si grande protagonismo mas foi sempre muito eficaz. Na primeira parte jogou na meia-direita, e na segunda parte cumpriu efectivamente o papel que à priori se antevia para ele, juntando-se mais a Javi Garcia e dando liberdade total aos homens da frente.


    Carlos Martins fez uma exibição fantástica, saindo exausto. Muito bem no auxílio a Javi Garcia em acções defensivas, com uma simplicidade e rapidez assinaláveis nos processos ofensivos. Hoje por hoje, um jogador fundamental deste Benfica de grande exuberância de Jorge Jesus. Di Maria esteve bem, rompendo a defesa contrária e arranjando muitas oportunidades para visar a baliza adversária. Infelizmente a sua exibição fica obviamente manchada por desperdiçar oportunidades que, a este nível, se podem pagar caro. Terá de rever isso.


    Saviola hoje não jogou tão bem, mas teve uma acção táctica fundamental que foi encostar ao trinco Cissé, não o deixando livre para outras tarefas em zonas mais adiantadas do terreno. Falhou um golo feito à boca da baliza, e teve algumas boas acções de condução da bola, mas foi sobretudo tacticamente que cumpriu. Aimar entrou muito bem para o seu lugar, actuando sensivelmente nos mesmos terrenos mas partindo mais de trás. Foi uma entrada de rompante, enérgica e que desestabilizou ainda mais o meio campo francês, na altura já muito desgastado e incapaz de travar semelhante golpe de misericórdia.

    Cardozo quanto a mim também não esteve ao nível dos colegas, perdendo algumas bolas sobretudo por ser pouco efectivo no ataque à bola. Falhou um golo feito também, num lance de insistência dele próprio em que consegue isolar-se, e atirou uma bola ao poste. Ainda assim, não estando ao nível dos companheiros, uma exibição positiva. E finalmente Kardec... entrou perto do fim, e foi a tempo de ser o herói desta eliminatória, fazendo justiça ao jogo que os colegas vinham fazendo já antes da sua entrada. Excelente finalização de um miúdo que acreditou na oportunidade e nas suas capacidades.

    Agora tudo é possível. Se o Benfica vencer o Braga para o campeonato, ganha uma margem importante para pensar também na Europa. E uma equipa que em 4 dias demonstra a fibra que o Benfica demonstrou na Madeira e hoje em Marselha, está totalmente autorizada a sonhar. Muitos parabéns, e um grande viva o Benfica!


    Sem comentários:

    Enviar um comentário

    Traffic Exchange