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    quinta-feira, 6 de outubro de 2011

    João Manuel Vieira Pinto





    Porto. 19 de Agosto de 1971. Médio.
    Épocas no Benfica: 8 (92/00). Jogos: 301. Golos: 90. 
    Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 2 (Taça de Portugal).
    Outros clubes: Boavista, Atlético Madrileño, Sporting e Sporting de Braga. 
    Internacionalizações: 81.

    A precocidade sempre caracterizou João Pinto. Fez-se cedo homem, cedo foi pai, também cedo campeão de futebol, cedo ainda ícone do Benfica. Tudo tão cedo, tão cedo, que cedo abandonou o Benfica, apesar das oito épocas ininterruptas que fez, cinco das quais como capitão. E talvez mais cedo do que possa vaticinar-se, porque nele tudo acontece cedo, venha a ser reabilitado no gigantesco universo benfiquista. Não será tarde, mas muito menos cedo ainda.

    No Bairro do Falcão, na cidade do Porto, começou a subir-lhe a temperatura da bola, do jogo. “Só imaginava uma coisa na vida: ser jogador de futebol. Se não o fosse seria, certamente, um frustrado. Era um puto reguila, vivia num bairro de gente pobre, jogava futebol, fazia algumas patifarias. As maiores? Sei lá, roubar fruta nos pomares vizinhos, subindo árvores, desafiando o perigo. E, vivendo num bairro camarário, apesar de não ser de barracas ou de casas degradadas, percebi muito cedo como a pobreza dói. Mas, nunca me faltou uma bola de futebol e com uma bola de futebol eu sentia-me a criança mais feliz do Mundo”. Aos oito anos, apresentou-se nas Antas com a esperança de aprender, na escola de Oliveira e Gomes, o mesmo que Chalana ou mais tarde Futre, o quarteto nacional que sempre o deixou atónito. “Alguém olhou para mim com desconfiança, dizendo, quase em jeito de gozo, que voltasse mais tarde”. Jamais o fez.


    Ainda que entuchado, prosseguiu viagem. Optou pelo Águias da Areosa e um belo dia fez, em Pedrouços, três golos ao FC Porto, que a sede de vingança, essa, torturava-o. Aproximou-se o Boavista, com passe social e dinheiro para os estudos. Respondeu afirmativamente. Dois dias depois, à investida portista, o não foi rotundo.

    Na frutuosa oficina do Bessa, João Pinto amadureceu. Dele não prescindia a Selecção Nacional, qualquer que fosse o escalão etário. À fama chegou ao sagrar-se campeão do Mundo em Riade, na Arábia Saudita. Também cedo, como tudo o resto, tinha apenas 18 anos, partiu para Madrid, com a fixação de jogar ao lado de Paulo Futre, no clube do polémico Jesus Gil e Gil. Acabou por ir parar ao Atlético Madrileño, para pouco depois ser devolvido à procedência. No Boavista só ficou uma temporada, mas a tempo de ainda bater o FC Porto, em 91/92, na final da Taça de Portugal. E de bisar no Campeonato do Mundo de juniores, feito único no panorama do futebol internacional.

    Por 500 mil contos, Jorge de Brito convenceu Valentim Loureiro a desfazer-se da jóia da coroa axadrezada. Já no Benfica, conquistou de pronto mais uma Taça, uma vez que o Nacional se escapou num dos derradeiros suspiros. Com o ídolo Paulo Futre ao seu lado. Mais Veloso, Mozer, Vítor Paneira. Mais dois jovens em franca ascensão, Paulo Sousa e Rui Costa.

    No inicio do Verão de 93, uma onda de autoflagelo abateu-se sobre a Luz. Antes não passasse de uma rábula, mas a coisa foi mesmo séria. Sem ver a cor do papel, Pacheco e Sousa rescindiram os contratos e passaram-se para o eterno rival. João Pinto também denunciou o contrato e comprometeu-se com o Sporting. Em Torremolinos, ande se encontrava de férias, foi resgatado por um convincente Jorge de Brito. Regressou. Na Sala de Imprensa do parque de jogos benfiquista teve uma recepção apoteótica… como se novel recruta fosse. “Burlão”, chamar-lhe-ia Sousa Cintra.




    Porque não há duas sem três, ele que já antes de ingressar no Benfica tão próximo esteve do Sporting, desfeita maior haveria de fazer no Maio seguinte. Com Carlos Queiroz no comando, Alvalade ardia na esperança de pôr termo a longo jejum no Campeonato. Ao Benfica só a vitória interessava, sinónimo era da conquista do titulo. Começaram melhor os donos da casa, 1-0 e 2-1 (já golo do João) foram vantagens registadas. Sublime, arrancou para a mais fulgurante de quantas exibições fez. Antes do intervalo, já era de júbilo o ambiente nas hostes rubras. Mais dois golos marcou, invertendo os números do placar. Triságio fez. O Benfica bateu o Sporting, por 6-3. Era, finalmente, campeão nacional.

    O génio de João Pinto, continuou a deslumbrar. Diziam os críticos, não poucas vezes, que às costas carregava a equipa. Até que um dia, num daqueles absurdos que a negro pintam a História, do Benfica receberia guia de marcha. O Menino de Ouro. Cedo, muito cedo, demasiado cedo.

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