"Mesmo
considerando que me faltou um título no regresso, despedi-me do meu
estádio, perante 50 mil adeptos, num ambiente extraordinário, carregado
de emoção... Quando vi a placa com o número dez levantada, senti um
vazio tremendo dentro de mim. Há momentos que nunca esquecemos na vida.
Esse é um deles"
Com uma carreira como futebolista que contou com mais de um
quarto de século, Rui Costa somou títulos e histórias ao longo de uma
vida ligada ao desporto-rei. Em entrevista ao Record, o internacional português recordou os momentos mais importantes do seu percurso.
A entrada do médio no mundo do futebol deu-se pela mão de Eusébio,
que o escolheu entre um grupo com cerca de 500 crianças quando tinha
apenas oito anos de idade. O seu nível técnico foi melhorando e, depois
de uma época emprestado ao Fafe e de ter ingressado na equipa principal
do Benfica, conseguiu ser chamado a marcar presença no Mundial de
Sub-20, em 1991.
Voos mais altos
O
tempo que passou nos encarnados serviu para ganhar notoriedade, o que o
fez mudar-se para Florença, em 1994, depois de ter sido falada a
hipótese do Barcelona. «A Fiorentina deu-me coisas que, se calhar, outro
clube e outra cidade não me teriam oferecido», afirmou, acrescentando:
«Perdi por estar ali tanto tempo? Claro que perdi. Ganhei coisas
impossíveis de obter noutro lado? De certeza absoluta que sim.»
A nível da carreira como internacional português, Rui Costa teve no
Euro 96 um dos pontos altos da carreira. «Começámos por dizer ao Mundo
que existíamos, embora já nem fosse preciso fazê-lo, tal a qualidade
revelada nas camadas jovens e que tinha sido devidamente realçada nos
quatro cantos do planeta», contou. Recordando esse Europeu, o médio
português lembrou ainda: «Mesmo sabendo que havia seleções mais fortes,
tínhamos a certeza de que já ninguém nos atropelava. Fomos eliminados
pela República Checa, nos quartos-de-final, e regressámos a casa tristes
mas orgulhosos pelo que mostrámos, seguros de que era a primeira de
muitas oportunidades que teríamos pela frente.»
Em
2001, deu um salto na carreira e transferiu-se da Fiorentina para o
Milan, clube onde ganhou, entre outros, a Liga dos Campeões e a Liga
italiana. Ainda assim, o seu percurso enquanto homem do futebol não
estaria completo se deixasse fugir a oportunidade de conquistar um
título pela seleção nacional na qualidade de sénior. Realizado em
Portugal, o Euro 2004 seria a altura ideal para isso, no entanto, ainda
que a equipa das quinas tivesse marcado presença na final, a Grécia
levou a melhor sobre os lusos. «Foi penoso porque perdemos com um
adversário que nos ganhou duas vezes na mesma competição», afirmou Rui
Costa.
Voltar ao início para terminar
De regresso ao clube do coração, o atleta terminou o seu longo
trajeto futebolístico como havia sonhado. «Sempre imaginei acabar a
carreira na Luz, como jogador do Benfica», confidenciou. De qualquer
forma, não deixa de ser um marco envolvido em sentimento: «Mesmo
considerando que me faltou um título no regresso, despedi-me do meu
estádio, perante 50 mil adeptos, num ambiente extraordinário, carregado
de emoção... Quando vi a placa com o número dez levantada, senti um
vazio tremendo dentro de mim. Há momentos que nunca esquecemos na vida.
Esse é um deles», relembrou o médio.
Com 777 jogos como sénior (entre clubes e seleção), o Maestro, como era por muitos apelidado, marcou para cima de 120 golos, num percurso que teve o fim no lugar onde tudo tinha começado.
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